"Ele ia e vinha todo dia. Andava por ruas desertas. Ruas cobertas. De lixo. De demônios. De horrores. De bondade. Ruas aos montes. Ou uma por dia. Entretinha-se com ruas. Com prédios. Quando muito, com alguma árvore. Ruas sem saída. Outras sem entrada. Outras sem entrada nem saída. Nas ruas não havia ninguém. Ninguém para ele. E ninguém que o visse também. Bentinho era um pobre excluído como muitos que existem por aí. A diferença entre Bentinho e estes muitos que existem por aí, foi o que ele fez.
(...)
Nas ruas, Bentinho começou a pregar. Pregou janelas. Pregou caixas. Pregou casas. Pregou em nome de algo que ele começou a acreditar. Alguns o chamaram de louco. Acharam que falar sozinho nas ruas era um problema. Mas bentinho não falava sozinho. Falava com alguma força. Falava com algo que só ele ouvia. E é impossível chamá-lo de louco. Poderia ser mentira ou poderia ser verdade. Era com ele. Quem poderia contradizê-lo?! Talvez hoje, alguns médicos. Mas não naquele tempo.
Mas pregou sozinho e seguiu sozinho. Ninguém o acompanhou. Ninguém acompanharia um louco. Louco para os outros.
Querendo ou não, eu o acompanhei, eu o segui, eu nunca o deixei sozinho, mas ele nunca soube disso, então eu não valho na contagem. Porque o que vale é o que sabemos. Muita coisa existe. Sei de uma pequena parte e o que não sei, para mim, de certa forma, não existe. Portanto, não o segui como Bentinho queria que todos o seguissem.
Ele andava por todas estas ruas. Desertas. Cobertas. Sem pessoas. Jamais viu pessoas em todo o seu percurso para o nada. Somente a voz. A voz que falava para jamais parar. Que parar é aceitar a derrota. Parar é desconceituar a virtude. A virtude adquirida e a virtude que nascemos. Bentinho não perderia somente a que ele ganhou pela voz, mas perderia também a virtude embutida. A que estava no coro. Batido e amassado. Bentinho trazia tatuada o melhorar a vida das pessoas. E este foi seu único modo. A virtude embutida era a de ter seguidores. Uma virtude capitalista, vale dizer. Mas se abandonasse a última, estaria desistindo da primeira. Nunca gostei das virtudes de Bentinho, para mim, ele as poderia abandonar. Não ajudaria muita gente gritando aos quatro cantos das ruas que Deus existe.
Peraê, Deus? Foi falado Deus?
Bentinho jamais mencionou esta palavra até este momento. Então, era isso? Todo este tempo e era isso? E as pessoas começaram a vir, porque era isso! As pessoas começaram a rir e bater nas costas de Bentinho falando “porque não disse antes, meu camarada?!”. Então muita gente o escutou, mas ninguém o seguiu? Havia as pessoas nas ruas. Ruas desertas. Ruas cobertas, até de pessoas. Pessoas aos montes escondidas nos cantos onde Bentinho gritava. Mas tão escondidas e temerosas da voz oculta que jamais tentaram entender. E agora estavam todas ali.
Bentinho entrou
Mas agora eu o odeio mais. Bentinho é fraco.
Por que eu não o segui? Só podemos falar mal daquilo que experimentamos. O mundo é fraco."
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"Meme" passado por Lisiê e repassado agora para Bruno, do Reformatório, e o Vacy, do Imaginação Grátis.
5 comentários:
Ah, lindo a dedicatória para a minha pessoa... Mas, afinal, o que é um Meme???
Vou ler lá no link, juro... Mas ainda não entendi...
Beeeeijos
Eu acredito em Deus, oras...
Minha filha, eu sei que tu colocou o link ali pra eu entender o que é um Meme... Mas eu não entendi, sou burro, esqueceu...
Preparando um post sobre em qual Deus eu acredito... :D
Aliás, sinto faltas de tu falando palavrão pra mim no MSN...
:*
hum..obrigado por repassar...
mto bom o texto...reflexivo...
bju Fabi!
Seria melhor pra Bentinho continuar sem seguidores? Parece que assim ele acreditava mais naquilo que sentia...
Beijo, Fabi
Oi oi Fabiana!
sou umas das Vibradoras desnaturadas!
=/
jade.maranhao@hotmail.com
meu msn.
bora por ordem na casa bora?!
pindurar as calcinhas no chuvero e fazer aquele troço andar!
=****
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