por um segundo

Eu só queria que a vida parasse às vezes. Nem precisava parar muitas não. Só algumas.

Sabe, o suficiente pra pensar, pra organizar algumas idéias, pra poder perceber algumas coisas que, correndo como corremos, nunca percebemos.

Aí, põem-se as idéias no lugar e falamos, "vai, agora vai!”.

"Pode girar mundo. Pode correr tempo. Pode sumir pessoas. Pode morrer passado. Pode aparecer ausência."

Às vezes, só uma paradinha pra conseguirmos suportar uma ida.

Uma paradinha. Sabe, só pra respirar, suspirar e pensar: "foi, acabou e agora continua".

Com tudo correndo a toda hora nos sobra o quê? Não dá tempo de viver intensamente. É claro que não. E pare de dizer que dá. Pare de dizer que é eu que vivo tudo de forma errada. Pare de dizer que eu sou muito paranóica. Que eu sou louca.

Não são presentes que eu estou buscando. E quem disse que é amor que eu quero?

Eu queria mesmo era voltar. É, voltar. Retroceder. Mas o mundo é muito pesado ao contrário. Então só parar, vai?! O que custa? Por que os meus pedidos são os, praticamente, únicos não realizados? Todo mundo já realizou um pedido que fez na vida. Pelo menos as pessoas que eu conheço.

A vida poderia parar pra podermos ficar mais tempo com aquela sensação gostosa da alegria. Sabe aquela sensação?! Mais tempo, assim, em silêncio. Tudo parado. E só você e a sua alegria. Ou só você e a sua tristeza, mas ninguém ali pra ficar falando contigo e dando conselhos inutilizáveis. Você podendo administrar da melhor forma. Da tua forma. Um autismo necessário.

A vida poderia parar por uma palavra. O tempo de pensá-la melhor. O tempo antes da resposta mais certa. Se tivéssemos este tempo talvez não quiséssemos tanto assim voltar atrás. Se arrepender do que se tudo foi pensado bem, foi vivido bem. Intensamente.

Uma tese e um argumento. Não. É só mais um pedido absurdo que Deus vai ignorar.